O Mito da Estabilidade: Como a Política Econômica Ainda Serve aos Mais Ricos

A narrativa oficial repete à exaustão que a estabilidade econômica depende de “responsabilidade fiscal”, “controle da inflação” e “ambiente favorável aos investimentos”. São palavras que soam técnicas, neutras e inevitáveis. Mas por trás delas, esconde-se um sistema pensado, ajustado e defendido para preservar privilégios, não para garantir justiça econômica.

O controle da inflação, por exemplo, é vendido como prioridade máxima. Quando os preços sobem, os bancos centrais reagem com aumento de juros. A justificativa? Proteger o poder de compra da população. Mas, na prática, o aumento da taxa básica de juros (a famosa Selic, no caso do Brasil) tem um efeito cruel: freia a economia, dificulta o crédito, desestimula o investimento produtivo e beneficia justamente quem já vive de renda — os detentores de títulos públicos, fundos milionários e investidores do andar de cima.

Ou seja: a política de juros altos, celebrada como uma medida técnica, é um projeto político disfarçado. Enquanto a inflação corrói o salário do trabalhador, o juro alto protege os lucros dos rentistas. E se houver recessão? Não tem problema, pois o sistema se ajusta, mas o topo continua ganhando.

Além disso, o foco cego no controle inflacionário ignora a verdadeira raiz de muitos aumentos de preços: a escassez de oferta e a concentração de mercado. Poucos setores dominam cadeias inteiras de produção e distribuição. A solução óbvia — aumentar a oferta, estimular a concorrência, baratear o custo de produção — é deixada de lado. Em vez disso, recorre-se à fórmula fácil: subir juros e jogar a conta no colo da população.

Outro ponto obscuro da economia oficial é o tal “teto de gastos/arcabouço fiscal”. Apresentado como um freio para o descontrole fiscal, esse mecanismo amarra os investimentos públicos em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. Não que tal controle não seja importante, pelo contrário. Mas enquanto isso, os pagamentos de juros da dívida seguem crescendo sem limite, drenando bilhões para os cofres dos bancos. Isso mostra claramente que a escravidão ainda persiste de forma clara a proteger o topo da pirâmide.

Essa assimetria revela que não se trata de falta de dinheiro, mas de prioridades políticas. Se há teto para o SUS, mas não para os ganhos do sistema financeiro, é porque alguém está escolhendo quem deve ser protegido.

Por fim, há a mitologia do “empreendedorismo salvador”, que culpa o trabalhador por sua pobreza e exalta quem “se vira” na informalidade. É uma forma perversa de esconder a destruição de empregos formais e o enfraquecimento dos direitos trabalhistas. O mercado se transforma em juiz moral da vida das pessoas: quem enriquece é gênio, quem empobrece é preguiçoso.

Enquanto isso, os verdadeiros bilionários seguem lucrando com isenções fiscais, créditos subsidiados, incentivos generosos e quase zero cobrança por seus privilégios históricos.

Conclusão: economia não é ciência exata — é disputa de interesses.

E como toda disputa, ela precisa de vozes que revelem os bastidores. O que se apresenta como inevitável, muitas vezes, é apenas o arranjo mais conveniente para os mesmos de sempre. Cabe à imprensa crítica, aos analistas independentes e aos cidadãos atentos desmascarar esse jogo.

No CanalImpério360, a economia será tratada como ela realmente é: um campo de batalha, de interesses e de privilégio e não de um boletim técnico.

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