O Crescimento do PIB Brasileiro em 2025: Vitória Econômica ou Fôlego Temporário?

O Brasil registrou um crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, consolidando seu 17º trimestre consecutivo de alta. A notícia é, sem dúvida, positiva em meio a um cenário internacional ainda instável. O país, inclusive, aparece entre os cinco que mais cresceram no mundo, superando potências como China, Alemanha e Estados Unidos. Mas, por trás dessa euforia estatística, é preciso olhar com atenção o que está de fato movimentando a economia brasileira — e, mais ainda, quem está se beneficiando dela.

O setor agropecuário foi responsável pela maior fatia desse avanço, com uma impressionante alta de 12,2% apenas neste primeiro trimestre. Embora isso contribua diretamente para a balança comercial, essa concentração no campo escancara uma dependência de atividades primárias, muitas vezes vulneráveis a flutuações de preço internacional e eventos climáticos extremos. Por outro lado, o setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia nacional, avançou timidamente — apenas 0,3%. Isso revela uma retomada urbana ainda lenta, fragilizada e desconectada do crescimento do PIB como um todo.

A pergunta inevitável que deveria acompanhar todo dado econômico é: quem está ganhando com isso? A informalidade segue elevada, os salários continuam pressionados, e a desigualdade persiste como uma sombra estrutural. Um país pode crescer em números e continuar estagnado em justiça social. A expansão do PIB é um sinal positivo, sim, mas se não vier acompanhada de inclusão produtiva, investimento em infraestrutura e valorização do trabalho, continuará sendo uma estatística mais útil para os bancos do que para as famílias brasileiras.

A política monetária segue sendo um obstáculo. Apesar dos cortes recentes, os juros continuam elevados, travando investimentos produtivos e penalizando quem depende de crédito para girar a economia real. Ao mesmo tempo, o câmbio instável afeta diretamente a indústria e eleva custos de importação. Em resumo, o Brasil cresce — mas o faz apesar de seus próprios entraves, e não por causa de uma estratégia nacional sólida e duradoura.

Celebrar o crescimento é justo, mas não basta. É hora de discutir o que estamos fazendo com ele. Crescer por três meses seguidos é bom. Crescer como projeto de país, com visão estratégica, distribuição de renda e soberania econômica, seria melhor.


Fontes:

Governo Federal.

Exame.

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